Este livro não é um ensaio teológico. Também não é um tratado de antropologia especializada.
É apenas a satisfação de um desejo simples, menor.
Desejo de abrir portas, romper cativeiros, acender Iuzes, propor liberdade. Desejo de expor o
assombro que tenho experimentado ao ver as dores do mundo, os calvários da humanidade.
As dores são muitas. Então quis eleger uma delas: o seqüestro da subjetividade. Um roubo
silencioso que nos leva de nós: acontecimento comum, mas não noticiado, que fragiliza e
impossibilita o humano de viver a realização para a qual foi feito.
A vida humana é uma constante experiência de travessia. Estamos em êxodos contínuos, em
processos de deslocamentos intermináveis, porque, enquanto estivermos vivos, seremos
convidados para o movimento que nos proporciona a superação de estágios, condições e
atitudes.
O ser humano se encontra cm constante evolução. Nunca estará completo. A morte nos
surpreenderá e ainda estaremos em processo de feitura. Um destes processos é a travessia:
"da condição de indivíduos à condição de pessoas".
É simples. Nascemos indivíduos, mas a condição de pessoa é um lugar a ser alcançado.
Precisamos, pela força do aperfeiçoamento, chegar aos dois pilares sobre os quais o conceito
de pessoa se estabelece. Ser pessoa consiste em "dispor de si e dispor-se aos outros".
O seqüestro da subjetividade é um acontecimento que atenta diretamente contra o primeiro
aspecto deste processo: "a disposição de si".
Toda relação que priva o ser humano de sua disposição de si, de sua pertença, ou seja, a
capacidade de administrar a própria vida, alguma fôrma caracteriza-se como "seqüestro da
subjetividade"!
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